quinta-feira, 30 de outubro de 2008

é isso

o modo singular de cada um de ver. vivemos nessa. até gosto disso, individualidade se preza, saberia viver de outro modo? mas a vida vai me faltando na unidade, por exemplo aparece necessidade de dizer nós. as pessoas são meu oxigênio. por isso convites, uma festa, uns emails, uns poemas, sair na rua.
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formar articulações sem necessariamente constituir um grupo.
gosto de ligações, não de gregarismos.

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não queria que os poemas caíssem jogados e, sem alguém, ficassem mudos. já são tão mudos, já saem sempre sozinhos andando os próprios pés. fazer algo para alguém, pra mim é mais fácil. agrega delicadeza no processo. um regalo.

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Duchamp: "Aqueles que olham é que fazem os quadros".

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começou quando eu estava em viagem. percebi que teria que trabalhar muito pra unir meus lados, paisagens, estimas. cheguei à são paulo com tanta vitalidade e vontade, que resolvi exercer do tempo datilografando alguns poemas e costurando-os em si. disseram-me na faculdade tantas vezes que a raiz etimológica de texto é tecido. literalmente então, me coloquei a tecer. costurar a vida em dois tempos. enquanto fazia o primeiro interpretei a sensação de presente, mas para quem? um presente único seria íntimo demais, a sufocar, ou bibelot de porcelana em cima da mesa da tia. não, gosto dos astecas que sangrariam a sua tia e daqueles índios do norte da américa que nunca me lembro o nome.

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sim, há um tanto de uma necessidade de fabricar. e com as próprias mãos. a vida tem de ser factível. se nos terceirizamos o tempo todo que passa, garantimos mal o tempo nosso. é preciso resistir para além da vitalidade nata. é claro que sou a favor de tudo que é reciclagem, redução de excessos, fim dos carros. e adoro carne.

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há também o nível íntimo. intimidade é uma crença, minha doença. por mais que nem todos os 12 convidados me sejam íntimos, por algum ponto do trabalho deles, do contato, me produzi com essa liberdade. e de querer sê-lo. de estar próxima e enfim, muito distante, indefinível e alheia, por intermédio de um apanhado de palavras;
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o que mais vocês querem saber?

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