"Lembremos que, para cada um desses indivíduos, tanto para o australiano como para o chinês, o hindu e o camponês europeu, os mitos são verdadeiros porque são sagrados, porque falam de Seres e de acontecimentos sagrados. Conseqüentemente, narrando ou ouvindo um mito, retomamos o contato com o sagrado e com a realidade, e dessa maneira ultrapassamos a condição profana, a "situação histórica". Em outros termos, ultrapassamos a condição temporal e a obtusa suficiência, que são o fardo de todo ser humano, pelo simples fato de ele ser "ignorante", ou seja, de identificar a si e ao Real com a sua própria condição particular. Pois a ignorância está em primeiro lugar nesta falsa identificação do Real com o que cada um de nós parece ser ou parece possuir. Um político acredita que a única e verdadeira realidade é o poder político, um milionário está convencido de que apenas a riqueza é real, um erudito pensa e mesma coisa de suas pesquisas, de seus livros, de seus laboratórios, e assim por diante. "
Mircea Eliade, em "Simbolismos indianos do tempo e da eternidade" in: Imagens e símbolos.
Mircea Eliade, em "Simbolismos indianos do tempo e da eternidade" in: Imagens e símbolos.
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