segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

esboço para um poema

sou para mim mesma como um cachorro. às vezes o chamo de filho e rolo a bolinha vermelha. nem sempre ele vai atrás. - - essa palpitação de saber que é isso que quero - - passo semanas distante, embora presente na mesma sala - - é um ditado mútuo; não sei quem dita antes a boca ou a mão: há discrepâncias avassaladoras, como entre a duração de "," , de falar "vírgula" e de escrever "vírgula" enquanto falo "vírgula". tudo tem que ser dito - - é um cão dócil, nunca me morde, embora no escuro tenha me rangido os dentes.

mas no cachorro ainda há uma imagem: da violência da pata batendo na porta. e as noites de estrondos de festa. quando soltam artifícios o cão tapa as orelhas de basset. e embora às vezes finja a loucura dos mendigos, nunca dorme a céu aberto e não sabe adivinhar a chuva, o cão - -

o cão.

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