um poeta quer perder a palavra. a palavra de plástico, toma o sopro que for: esse: o ritmo. não quero repor o sentido do que já existiu. quero o sentido se fazendo enquanto se faz. deve ser por isso que tantas vezes me dizem: prolixa. é porque eu nunca encontrei o que dizer.
diferentemente de um técnico ou de alguns filósofos, pros quais a terminologia exata é o que verifica a viabilidade e continuidade, e também confere a autoridade, um poeta se dá dentro de conhecer a própria língua, mas para burlá-la, ou inventá-la, como escreve o Roland Barthes n'O grau zero da escrita e em certo sentido também o Herberto Helder no primeiro conto d'Os passos em volta, é a invenção de um estilo, o que garante a sobrevivência.
(falando em originalidade conheça o Santiago, no filme do João Moreira Salles)
e no estilo, o poeta então, justamente que quer o termo não-exaurido, se encontra um obsessivo em repetição. somamos dentro dos poemas um mesmo grupo de palavras, sentidos, noções. então também o poeta se firma pela recorrência. acredito que os mais exploradores, poetas de luz-na-cabeça, descobrem suas repetições e exacerbam. ao Drummond, por exemplo, noite, mundo, que tanto se repetem, ou o ser que se dissolve em nascer. o Alberto Caeiro que se usava de 600 palavras, se muito. ou em alguns casos, parece uma semântica biográfica, como a substantivação recorrente da morte prum Paul Celan, de campos de concentração vivido.
então o que é um estilo além d'um nascimento da exaustão?
diferentemente de um técnico ou de alguns filósofos, pros quais a terminologia exata é o que verifica a viabilidade e continuidade, e também confere a autoridade, um poeta se dá dentro de conhecer a própria língua, mas para burlá-la, ou inventá-la, como escreve o Roland Barthes n'O grau zero da escrita e em certo sentido também o Herberto Helder no primeiro conto d'Os passos em volta, é a invenção de um estilo, o que garante a sobrevivência.
(falando em originalidade conheça o Santiago, no filme do João Moreira Salles)
e no estilo, o poeta então, justamente que quer o termo não-exaurido, se encontra um obsessivo em repetição. somamos dentro dos poemas um mesmo grupo de palavras, sentidos, noções. então também o poeta se firma pela recorrência. acredito que os mais exploradores, poetas de luz-na-cabeça, descobrem suas repetições e exacerbam. ao Drummond, por exemplo, noite, mundo, que tanto se repetem, ou o ser que se dissolve em nascer. o Alberto Caeiro que se usava de 600 palavras, se muito. ou em alguns casos, parece uma semântica biográfica, como a substantivação recorrente da morte prum Paul Celan, de campos de concentração vivido.
então o que é um estilo além d'um nascimento da exaustão?
4 comentários:
"Conseguir gaguejar em sua própria língua, é isso um estilo. Ser como um estrangeiro em sua própria língua." Disse isso Deleuze em Diálogos, 1998. Bem que me parece isso que dizes. Bonitas ideias aqui. :)
sim.
"estrangeiro aqui como em toda parte" o Pessoa eu achava que tinha o citado ao dizer "estrangeiro de mim em qualquer parte" mas estávamos conversando.
o Deleuze fala também do escritor como aquele que teve os ouvidos feridos.
os ouvidos feridos em ver?
porque é um deslocamento de um sentido ao outro, me parece, a palavra.
no mais: em Portugal minha língua é sempre um estrangeirismo.
você sabe como é.
beijo.
Não paro de me encantar com este texto. E faz tempinho já.
obrigada, LRP, você sem saber me (re)mostrou o caminho de um texto que tenho que entregar pra faculdade daqui 10 dias.
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