I
Existe um rumo que as palavras tomam
como se mão alguma as desenhasse
na branca expectativa do papel
porém seguissem pura e simplesmente
a música das coisas e dos nomes
o canto irrecusável do real.
E nessa trajetória inesperada
a carne faz-se verbo em cada esquina
resolve-se completa em tinta e sílaba
em súbitas lufadas de sentido.
Você de longe assiste ao espetáculo.
Não reconhece os fogos de artifício,
as notas que ainda engasgam seus ouvidos.
Porém você relê. E diz: é isso.
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6 comentários:
I
É a estação dos balanços,
renúncias e decisões.
Tudo parece o que é.
A face opaca do mundo
nos encara, fria e cega.
É necessário enfrentá-la
como se escala uma pedra.
É preciso penetrá-la
como se houvesse um lá-dentro.
Frutas hesitam nos galhos
entre despencar de podres
e sacrificar-se aos pássaros.
As feras em suas tocas
mordem as próprias feridas
gestando o próximo bote.
Os utensílios mais díspares –
colher, caneta, revólver –
se oferecem prestimosos
à mão que ousar primeiro.
O mundo retesa os músculos
e prende a respiração.
É a estação dos remates,
dos fechos prenunciados
e palavras sem retorno.
Todo tempo agora é pouco.
Nenhuma noite se dorme.
A morte tem que esperar.
PHB, Tarde.
Você sabe que eu estudo é ele, né?
ô quel, claro que sei, né.
na minha vida é que ele é uma novidade. uma novidade drummondiana, diria eu.
beijinho
novidade drummondiana? (?)
sei lá. de repente, você não soubesse. aas coisas serão assim aleatórias.
é que tudo que eu leio desse "trovar claro", do phb me lembra drummond demais, demais demais. isso não é ruim não, nem é pra parecer redutor, eu penso assim: mas que fdp, se apropriou direitinho do espírito santo (porque se há uma santissima trindade, o drummond é, no mínimo, o espírito santo e, quiçá se também não é o pai de todos, fura-bol etecetera
eu leio phb e ouço drummond tocando na vitrola sem parar
mas você estuda dele especificamente o quê?
me manda seu texto por email pra eu ler
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